Círculo Hermético

∴ MESTRE OSVALDO ORTEGA – PATRONO DO CÍRCULO HERMÉTICO

HOMEM SIMPLES E ILUMINADO

Irmão Valdemar Sansão

A felicidade, a força e a beleza da existência têm em grande parte a sua origem no espírito da simplicidade! Há seres simples e outros que não o são. Um homem é simples quando a sua mais alta preocupação consiste em querer ser o que deve ser, isto é, simplesmente um homem. Maçons com o quilate e envergadura do Irmão OSVALDO ORTEGA são Homens que fazem a História ou é a História que os providencia?

Ele sem dúvida fez história viajando, estudando com afinco, frequentando e apresentando trabalhos em Lojas de Pesquisas, Centro de Estudos e Academias, participando de múltiplos Eventos Culturais Maçônicos fazendo Palestras, com seu equilíbrio, seu conhecimento, seus textos, seus livros, seus exemplos que representavam liberdade e justiça, inspirou muita gente. Com certeza não era só eu que o admirava.

O que Osvaldo Ortega – escritor de inatacável idoneidade – já que dirigia dúvidas com maestria sem nada inventar, fez foi tornar a consciência visível. Mas uma MAÇONARIA MAIOR virá, ou tomara que venha.

A verdade é que ele serviu uma inevitabilidade histórica independente de viver com simplicidade, a sua bravura, o seu discurso ou o seu apelo espiritual. Procurava ensejos de fazer o bem e fazer afetuosas surpresas aos amigos.

Era um palestrante simples, que se deslocava com seus próprios recursos, acompanhado pela cunhada Cida, mesmo tendo que dividir as despesas em inúmeras prestações. Apreciamos a riqueza de seu coração, a sua pura vontade, a sua força de amor, de consolar, de esperar, a sua invencível obstinação na doçura e no perdão, mesmo para aqueles que dele foram indignos.

Repartidor da simplicidade, não temos a esperança de chegar a descrever a simplicidade de um modo digno dela. Toda a força do mundo e a sua beleza, a verdadeira alegria, tudo o que consola e aumenta a esperança, tudo o que lança um pouco de luz nos nossos sombrios caminhos, tudo o que nos faz prever através das nossas pobres vidas algum fim sublime e algum futuro imenso, tudo isso nos vem dos seres simples que aos seus desejos deram um objetivo, que não é a satisfação passageira do egoísmo e da vaidade.

Fez isso com toda a sua alma, ao longo de uma trabalhosa carreira, quase despercebida. O seu prazer era fazer bem aos outros e se alegrar com a surpresa quando eles ficavam sem saber de onde vinha o benefício.

Era um verdadeiro repartidor. Muitas vezes, quando eu tinha dúvidas, não entendia alguma coisa, ia até o Irmão OSVALDO ORTEGA. Sempre tinha um gesto de desprendimento para com os Irmãos. Ele era humilde, simples, com valores espirituais em evidente contraposição aos excessos da materialidade. Fazia advertências que precisávamos ouvir principalmente os Mestres, sobre nossas carências.

Versava sobre qualquer assunto consultado. Louvado em inúmeras “trocas de experiências”, como ele dizia, nossos “bate-papos”, nos quais percebíamos que ele procurava dividir conosco todo o seu imenso conhecimento.

Peço aos caríssimos confrades permissão para reproduzir partes de nossos constantes diálogos presenciais, telefônicos. Ao término de suas palestras, se dispunha responder às questões da audiência, que não obstante o tempo decorrido continua de interesse atual da Fraternidade.

A recompensa de seus feitos, por tê-los feito, está no seu amor; que poucos excedem em grandeza esse admirável Maçom. Preciso dizer que pouca coisa na vida me emocionou tanto quando a escolha de seu honrado nome para ser patrono de nosso CÍRCULO HERMÉTICO, porque para entrar nesse grupo escolhido é necessário possuir honrado e digno coração, desapego à si próprio, e sensibilidade à felicidade como a infelicidade dos seus semelhantes.

Felizmente a força deste repartidor não se extinguiu, e é com a mais pura satisfação que lhes presto uma homenagem que eles não reclamam; esse homem simples que fez o seu trabalho de “britar a pedra”. Assim ficará imortalizado um herói, ‘pedra escondida” no solo que sustentam todo o edifício.

 As Necessidades Simples

 Perguntamos o que é preciso para se viver materialmente nas melhores condições possíveis?

O mestre Osvaldo Ortega resumia: “uma alimentação sadia, vestuário simples, ar e movimento. O nosso intuito consiste marcar uma direção, e em dizer a vantagem que para cada um resultaria de ordenar a sua vida num espírito de simplicidade. Para quem, ama o conforto e bom trato, não há vida possível fora da sofisticação: Cozinha clássica, hotel de luxo, roupas de marca, mansões na cidade, na praia e no campo, clubes, viagens, criados, carros importados, jatinho, vivendo na opulência, e muitas outras coisas sem as quais a vida não valeria a pena.

A partir de certa quantia de rendimento, de ordenado ou salário, a vida torna-se possível. Abaixo dela se torna impossível. Sabemos que várias pessoas se suicidaram por seus haveres terem descido abaixo de certo mínimo. Preferiram elas desaparecerem a restringir-se.

Notem que esse mínimo causa do seu desespero, indubitavelmente teria sido aceitável por outras, de necessidades menos exigentes, e invejáveis para pessoas de gostos modestos.

Um animal está repleto porque comeu; deita-se e dorme. Um homem pode também deitar-se e dormir certo tempo, mas o seu sono é curto; habitua-se ao bem-estar, cansa-se dele, e pede outro maior. No homem não se mata o apetite comendo, o apetite vem com a comida. Aquele que só procura a felicidade no bem-estar, é um insensato. Os que têm mil precisam de outros mil, os que têm milhões precisam de mais milhões.

Tendo necessidades simples, mesmo no caso de perder o seu lugar ou os seus rendimentos, continuará a ser um homem, porque a base que assenta a sua vida não é nem a sua mesa, nem a sua adega, nem a sua garage, nem o seu mobiliário, nem o seu dinheiro.

Maçonaria e Política

O saudoso Mestre Osvaldo Ortega reprovava de forma veemente, a corrupção e era mais explícito nas suas críticas aos políticos, que alcançavam também as ações dos governantes e o mau exemplo dos detentores de poder, cuja má gestão de recursos e serviços públicos em geral, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício.

Dizia: Não podemos perder a confiança nas instituições políticas, porque política é uma forma de buscar o bem o bem comum. O maçom e os cidadãos em geral, devem participar dela dentro da visão do bem comum.

Considerações Finais

Julgamos ter apresentado manifestações da vida de um homem simples, para fazer entrever nele todo um mundo esquecido de força e beleza. Bem poderemos conquistá-la se tivermos como ele a energia precisa para nos desligarmos das inutilidades que embaraçam a nossa existência, aumentando a concórdia e o entendimento para sermos felizes e poderemos servir as causas do nosso CHOO, da Sublime Ordem e da Humanidade.